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"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, de modo como falo, é um dom. Não entender, mas como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispetor)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Montanha-Russa


 
“Vou lhe mostrar agora um filtro sem poções, sem ervas e sem qualquer outro encantamento de bruxas: se você deseja ser amado, ame.” (Sêneca)

 

Vítimas do prazer.

É o que fomos.

É o que somos: crianças inocentes à procura de entretenimento. Quando a brincadeira ficou legal tudo acabou. Foi o fim.

O que era perfeito teve um desfecho trágico e todos os brinquedos ficaram em pedaços.

Estraçalhados.

Destruídos sem chance de conserto. São marcas profundas que permanecerão para sempre e que o futuro jamais apagará.

Sinto que somos fantoches de ventríloquos insanos que apenas procuram satisfazer o próprio deleite. Quisemos ser felizes e compartilhar nossas alegrias e acabamos por provar do nosso próprio veneno. Indiferença. Dor. Solidão.

Foi uma tentativa frustrada. Só queríamos algo em troca: reciprocidade.

Efeito do dar e do receber. Demos-lhes tudo e “nada” é o que recebemos em troca.

Revolta? Não, apenas um desabafo.

Tristeza: Jamais. A experiência é que nos torna quem somos.

Agéis.

Perigosas.

Espertas.

Lindas.

Feiticeiras!