Seja bem-vindo

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, de modo como falo, é um dom. Não entender, mas como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispetor)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Estações do amor

Verão, estação que aquece o coração
Que acolhe a alma
Onde o sol irradia todo o seu brilho
Àqueles que querem apaixonar-se
E assim acabam fazendo-o
Mas sem imaginar
Que quando menos esperar
Tudo parece acabar.

Daí vem o outono
Estação das flores secas
Estação das lembranças que ficam...
... À memória tudo vêm...
Um caso perdido, um amor não correspondido...
Mas de repente as flores caem
E junto delas, as lembranças vão embora
Mas aí surge a esperança
De um novo amor
Que seja vivido com muito ardor.

Quando nem se imagina
Vêm o inverno
Estação do frio e da solidão
Estação que machuca, marca
Que nos faz sentir sós...
A brisa gelada que sopra
Dá-nos gostinho de chocolate quente,
Cama aquecida e alguém pra nos esquentar
Mas toda essa chama apaga-se
Quando à realidade eu me deparar
... Que não estou mais no verão
E sim numa estação
Que esfria o coração.

Enfim, chega a primavera
Estação das flores
De grandes amores
Sem grandes dores
Estação de renovação e paz interior
Que nos faz refletir sobre o que passou
Da onde tiro as minhas forças
Para lutar por quem amo
Porque aí vejo
Que não estou no verão
Onde a paixão vem e vai como um vendaval
Que não estou no outono
Onde as mágoas não me deixam prosseguir
Nem tampouco estou no inverno
Onde minha alma se congela
Mas sim, estou na primavera.
Como uma flor prestes a desabrochar
Pronta pra viver, pronta para amar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sonhar

     
      Às vezes sonho com algumas coisas impossíveis: um mundo perfeito, uma vida perfeita com pessoas perfeitas. De repente, sinto-me acordar de um pesadelo que parece constante...Me olho no espelho e vejo que o tempo passa muito rápido e que meus desejos mudam de forma assustadora que mal tenho tempo de realizá-los. É algo muito estranho...
      Tenho ideias, mas é tão difícil concretizá-las...talvez porque eu sonhe demais. A realidade para mim parece muito crua, muito triste e sonhar acalma e deixa-me mais esperançosa. Mas sonhar é frustrar-se também. Quero, muitas vezes, abraçar o mundo mas sinto-me inferior aos meus anseios quando percebo que meus braços nem sequer o alcançam. Sonhar então torna-se relaxante e conforta...Quem nunca sonhou em encontrar um príncipe ou uma princesa e viver feliz para sempre? Pois é, a nossa vida não é um conto de fadas onde teremos um final feliz. Na nossa realidade, se quisermos ter esse final nada mais justo que lutar no início e manter-se firme no trajeto traçado...
      Que a vida tem início e fim todos sabemos, mas o que poucos sabem é usufruir  desse intervalo de maneira proveitosa...
      Sou uma delas: sou escrava dos meus próprios desejos e minhas frustrações são reflexo da minha impotência diante das oportunidades e obstáculos. Isso mesmo, obstáculos. São eles que nos impulsionam a ir atrás dos nossos objetivos. Logicamente há aqueles que desistem no primeiro momento, mas eles deixam de lutar porque descobrem que não eram sonhos, apenas vontades passageiras...
      Quando temos objetivos e  sonhos, por mais difícil que pareça, sempre vamos em busca dele, mesmo que “implícitamente”. Lutamos frequentemente sem perceber, quando por exemplo, gostamos intensamente de alguém, não somos correspondidos e por muitas vezes “desistimos” de conquistar a pessoa, mas ainda assim, arrumamo-nos como nunca quando sabemos que vamos encontrá-la. Quem nunca passou por isso? Acostumamo-nos a lutar diariamente pelas coisas que queremos que nem percebemos, e curiosamente quando falamos em “correr atrás dos sonhos”, tudo parece tão complicado...
       Sonhar...ah, como é bom! O que não é bom, é acordar desse sonho, porém é através dele, que passamos a perceber o quanto somos felizes e como a nossa vida é bela.
      O sonho nada mais é do que uma projeção distorcida da realidade, e é através dessa projeçãp que enxergamos o que os olhos negam-se a ver quando estão abertos. Sonhar é bom, mas em excesso traz males a nossa saúde como: melancolia, desânimo, pessimismo e frustração.
      Melhor que sonhar enquanto dormimos (seja de olhos abertos ou fechados, no mundo real ou da imaginação) é acordarmos todos os dias e descobrirmos as ferramentas que possuímos, para que esse sonho não acabe, ou que pelo menos se realize um dia.
      Não somos responsáveis  pelas ideias que vem a nossa cabeça, mas somos responsáveis por realizá-las ou não. Mais triste que não conseguir realizar nossos sonhos é não tê-los. Devemos ir em busca da felicidade, mesmo que em pequenos gesto ou atos, por mais que existam obstáculos e por mais curto que seja o tempo para fazê-lo. Afinal, que graça teria a vida sem eles?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O prazer da leitura

O texto não é um emaranhado de palavras esquisitas que formam um sentido. É muito mais que isso. Vai muito mais além.
      O texto é um conjunto de informações que a nossa mente absorve de várias maneiras diferentes, fazendo com que consigamos enfrentar nossos medos mais íntimos sem que percebamos.
      É fato. Ao ler transportamos nosso eu para dentro do texto, podendo viajar com as histórias do Pequeno Príncipe e até compartilhar a dor de Bentinho contra Capitu na famosa obra machadiana. É inevitável.
      Na leitura podemos tudo. Desde voltar à Idade Média e ir ao ano três mil em minutos quanto a ser beijada por um vampiro em plena luz do dia. Nela, tudo é possível.
      Em uma leitura, podemos passar de tempos em tempos sem olhar no relógio. Ela é um mundo sem fim. Um mundo rico, cheio de magia. Sabemos por onde ela começa, mas não imaginamos como ela pode terminar.
      Quando leio sinto-me leve como uma pena, livre como uma ave e transparente como a água. A leitura é a terapia da mente que tira a tensão e desperta a imaginação. Ler elimina as toxinas do corpo, tais como: pensamentos ruins, mente vazia, coração machucado, etc. Ao ler, malhamos o cérebro, enriquecemos nosso intelecto e mantemos a nossa vida em forma.
      Ler é muito mais que decodificar mensagens e exercitar os olhos.
      Ler. Contato harmonioso entre palavras e imaginação. Linhas cheias de sentidos e intuição. Uma mistura de cultura, história e vida. Palavras recheadas de emoção que nos trazem conforto ou até decepção, tudo depende do que procuramos e da forma como o fazemos.
      Ler é viajar para bem longe, conhecer o desconhecido e acreditar no inacreditável. A leitura pode nos transportar para outros mundos sem tirar nossos pés do chão. É voar sem ter asas. É crer sem ter crença. É viver quando não há mais forças.
      O mundo da leitura é um mundo mágico no qual encontro soluções para meus problemas insolúveis. A força da imaginação e da criatividade ao ler faz-me viajar, transporta-me para um mundo fantástico no qual posso criar e realizar todos os meus sonhos e meus desejos mais bizarros.
      A leitura acalma-nos, fortalece-nos e enriquece-nos. Por quê? Ela é única, não tem porquês nem pra quês... a explicação dá-se por ela mesma. É o ato da leitura que nos leva a sensações inexplicáveis que apenas quem lê as sente. Não fique aí esperando. Leia!

sábado, 25 de setembro de 2010

O doloroso desabrochar

Esconder-se atrás do sorriso. Reviver através do presente situações que outrora me trouxeram desgosto, mas que agora me trazem satisfação. É a lei da monotonia desafiando a lei da rotina. Mas é o que faço. É o que sou. Só não é o que quero... mas é o que tenho.
      Assim é minha vida: Um barbante inquebrável para as oportunidades e uma linha sensível para as crueldades e peças que ela, a própria vida, me prega. A dúvida existe e a insegurança do que fazer ou não sempre pauta sobre mim em algum momento. Há momentos que o coração quer sair do peito e abraçar o mundo, mas a decepção é tão grande quando percebo que o mundo não quer esse abraço... é como querer alguém que não me quer, é como fazer algo que não consigo, é falar a pessoas que não me ouvem que a minha vida, assim como a rosa,  vai murchando... Assim, como ela sofro com o solo infértil, com pragas e ervas daninhas, com pessoas que me colhem antes de eu amadurecer, mas que mesmo diante de todas essas dificuldades não deixo de apreciar o que o mundo tem a mostrar e a oferecer.
      Como a rosa minha vida é bela, esbanja elegância, mas machuca com os espinhos da caminhada aqueles que dela se aproximam. São espinhos de dor, de saudade, de angústia e ansiedade que vão crescendo com o passar do tempo e impedindo-me de abrir-me ao mundo. São espinhos que afetam as pessoas ao meu redor, muitas vezes até, como forma de autodefesa de algo que nem me prejudica, mas que desperta em mim, um sentimento de repulsa.
      Não gosto de ser como a rosa. Todos vêem seu exterior e nem se preocupam com o aroma que ela espalha dentre os dias nebulosos que temos em nossas vidas. A rosa, como eu, é um troféu de “missão cumprida” quando na verdade não houve missão, e sim, um vazio preenchido de frustração e hipocrisia.
      A rosa possui pétalas assim como possuo sentimentos. Cada pétala que dela é arrancada, um sentimento de mim surge. Grito de dor a cada despertar de saudade, a cada recusa de amor... E assim vão crescendo mais e mais espinhos... de mágoa, rancor e sentimentos ruins que me impedem de desabrochar e despertar para um lindo jardim de rosas. Assim como ela, com os tempos desfolho-me com o receio de tentar de ir além e não suportar, pois como já dizia Antonio Candido em Plataforma de uma geração: “Porque há para todos nós um problema sério... Este problema é o do medo.”
      Talvez seja o simples medo de viver.
      De sofrer.
      De amar.