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"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, de modo como falo, é um dom. Não entender, mas como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispetor)

sábado, 3 de março de 2012

Caminho da morte

      As coisas nunca estão ruins que não possam piorar. Ganhei um abraço de Judas e até dormi com o inimigo. Acreditei ser quem nunca fui: uma pessoa querida para pessoas insignificantes. Sorte ou azar? Depende do ponto de vista e aqui só há um: o falso. O ambíguo nas atitudes, porém convincente no olhar. Mente-se com palavras, mas não há nada que se faça que uma gafe e poucos minutos de conversa não denuncie.

       Na verdade, nunca foi mentira apenas uma verdade não contada e oculta por falta de coragem ou de caráter. Não digo que não sou pecadora porque é mentira. Sei dos meus erros e sei o que fiz de errado e me arrependo deles, mas admito e não fujo. Sou humana e pecadora assim como todo mundo e nem estou nesse mundo para julgar o próximo de um defeito que também tenho, mas assim como todo mundo, também tenho o direito de expressar minha indignação. 


      Atire a primeira pedra quem nunca mentiu e errou. Quem nunca mentiu para evitar um desastre (inevitável) ou não magoar o já magoado? Somos pecadores e merecemos o perdão... Mas quando reconhecemos nossos erros, não fugimos deles e tentamos melhorar, evitando repeti-los e mostrando a grandeza do ser humano: o de querer melhorar. O que jamais podemos esquecer é que ao não pensar no outro, podemos sofrer daquilo que fizemos o outro sofrer.  Fato. É questão de tempo, basta esperar.

      Às vezes, eu me questiono sobre a dor. Eu gosto de senti-la. Ela fortalece. Enquanto a sinto, fico em dúvida, instável, fraca, triste e doente... Morta. Mas ela me faz ressuscitar. Isso mesmo. A mesma dor que derruba, levanta. A mesma dor que destrói, constrói. A mesma dor que mutila, remenda. A mesma dor que mata, cria a vida.


    Quem já não ouviu a frase famosa “se for para pisar então pise até eu morrer. E se eu levantar, corra”? É mais ou menos assim. Não consigo ser um meio-termo. Ou sou quente ou sou fria, ou sou legal, ou sou chata, ou sou boazinha ou sou má, mas jamais idiota ou esperta. Não quero ser feita de boba nem quero me aproveitar dos outros. Ser o que não sou não é a minha intenção e fazer para o outro aquilo que não quero para mim também não. E se simplesmente acabo fazendo é porque sou humana como todos que pecam diariamente. Só tenha certeza de uma coisa: não dei o primeiro passo, mas talvez dê o último...

      Entretanto, nunca queira provar dos meus opostos, pois são gostos inesquecíveis. É como uma droga, que uma vez experimentada estará sempre no seu sangue e te perseguirá até o mais profundo da sua mente e mergulhará dentro das suas lembranças e nas horas em que menos imaginar. E não há cura para esse mal senão a morte...


      Morte da vida.
      Morte do amor.
      Morte do seu eu interior.

      Morte, o início.

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