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"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, de modo como falo, é um dom. Não entender, mas como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispetor)

sábado, 25 de setembro de 2010

O doloroso desabrochar

Esconder-se atrás do sorriso. Reviver através do presente situações que outrora me trouxeram desgosto, mas que agora me trazem satisfação. É a lei da monotonia desafiando a lei da rotina. Mas é o que faço. É o que sou. Só não é o que quero... mas é o que tenho.
      Assim é minha vida: Um barbante inquebrável para as oportunidades e uma linha sensível para as crueldades e peças que ela, a própria vida, me prega. A dúvida existe e a insegurança do que fazer ou não sempre pauta sobre mim em algum momento. Há momentos que o coração quer sair do peito e abraçar o mundo, mas a decepção é tão grande quando percebo que o mundo não quer esse abraço... é como querer alguém que não me quer, é como fazer algo que não consigo, é falar a pessoas que não me ouvem que a minha vida, assim como a rosa,  vai murchando... Assim, como ela sofro com o solo infértil, com pragas e ervas daninhas, com pessoas que me colhem antes de eu amadurecer, mas que mesmo diante de todas essas dificuldades não deixo de apreciar o que o mundo tem a mostrar e a oferecer.
      Como a rosa minha vida é bela, esbanja elegância, mas machuca com os espinhos da caminhada aqueles que dela se aproximam. São espinhos de dor, de saudade, de angústia e ansiedade que vão crescendo com o passar do tempo e impedindo-me de abrir-me ao mundo. São espinhos que afetam as pessoas ao meu redor, muitas vezes até, como forma de autodefesa de algo que nem me prejudica, mas que desperta em mim, um sentimento de repulsa.
      Não gosto de ser como a rosa. Todos vêem seu exterior e nem se preocupam com o aroma que ela espalha dentre os dias nebulosos que temos em nossas vidas. A rosa, como eu, é um troféu de “missão cumprida” quando na verdade não houve missão, e sim, um vazio preenchido de frustração e hipocrisia.
      A rosa possui pétalas assim como possuo sentimentos. Cada pétala que dela é arrancada, um sentimento de mim surge. Grito de dor a cada despertar de saudade, a cada recusa de amor... E assim vão crescendo mais e mais espinhos... de mágoa, rancor e sentimentos ruins que me impedem de desabrochar e despertar para um lindo jardim de rosas. Assim como ela, com os tempos desfolho-me com o receio de tentar de ir além e não suportar, pois como já dizia Antonio Candido em Plataforma de uma geração: “Porque há para todos nós um problema sério... Este problema é o do medo.”
      Talvez seja o simples medo de viver.
      De sofrer.
      De amar.


2 comentários:

  1. Que lindo amiga, isso que vc escreveu é quase a descrição de minha vida, a qual todos sabem, mas a grande parte da história esta guardada cmg, e sempre guardaei! :)

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