Você está na escola assistindo à aula de Português e o(a) professor(a) corrigindo a lição de casa na lousa.
De repente, ele(a) ergue o dedo na sua direção e você fica em dúvida se está mesmo apontando para você ou para os colegas que estão a seu lado. Daí você pergunta:
- É para mim ir à lousa, professor(a)?
Esperemos que você tenha feito a lição e se saído bem na resposta. Mas ao falar cometeu um deslize muito comum: quem não se confunde na hora de empregar o “eu” ou o “mim”?
A regra não é difícil. Quando a palavra depois do pronome for um verbo no infinitivo (ou seja, o nome do próprio verbo) usa-se o eu. Exemplo: Ela trouxe o livro para eu ler.
Pense da seguinte forma: quem executa a ação na frase? Temos aí o sujeito: eu. Nesse caso usamos os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas).
Já pensou na seguinte (e horrenda) possibilidade: Ela trouxe o livro para mim ler? Seria a mesma coisa dizer que Mim vai ler o livro que ela trouxe. Nada mais é do que a famosa versão da selva (Mim Tarzan; você, Jane). Fica estranho, não?
O mim usa-se quando vem antecedido por uma preposição, mas sem estar precedido pelo verbo no infinitivo: Não vá sem mim!
O mim é um pronome oblíquo tônico (como ti, si, etc.) e funciona apenas como complemento na oração. Daí a justificativa para a seguinte oração: Para mim, ler na aula de Português é muito divertido.
Nesse caso temos um verbo no infinitivo, mas o mim não é o sujeito. Ele não executa a ação e funciona apenas como complemento na frase, além de vir separado por vírgula.
Agora que já conhece as regras pode perguntar de forma correta:
- Será que o(a) professor(a) falou para eu ir à lousa ou ele(a) apenas “apontou” para mim?
Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).
Alessandra Simões dos Santos, formada em Letras pela FIRP, é professora e revisora de textos.
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