Uma vez, na sala de aula, a fim de acompanhar meu amigo, perguntei-lhe, quando o vi sair:
“Onde você vai?”
Fiquei surpreso quando a professora me interrompeu:
“Ele não vai a lugar nenhum.”
A princípio pensei que fosse uma bronca ao meu amigo, mas logo em seguida ela pediu que eu refizesse a pergunta a ele e percebi que o errado ali poderia ser eu.
“Perguntei onde ele ia, professora.”
Ela ficou mais atônita ao ouvir o seu aluno “assassinar” o português novamente. Não me dei conta ao repetir o erro.
Ao perceber a minha dificuldade em compreender o equívoco, ela lembrou-me da vez em que, em uma das minhas redações, eu havia escrito em um trecho “... queria estar aonde eles estavam...” e então comecei a me dar conta do que havia dito e do que havia escrito.
Você deve estar se perguntando: Onde está o erro? Ou: Aonde está o erro?
Se você se fez a primeira pergunta, parabéns! Senão, muita calma. O erro localiza-se no emprego do onde e aonde. Devemos atentar-nos ao uso adequado desses indicadores de lugar. Ambos são advérbios e podem ser classificados como relativos ou interrogativos.
Onde deve ser usado quando expressarmos a ideia de estabilidade e permanência, indicando lugar físico: Esta é a casa onde moro. Ou: Onde você estava, mesmo?
Aonde também indica destino, mas o uso da preposição “a” (a + onde = aonde) indica deslocamento e expressa movimento e destino: Aonde vamos? Ou: Irei aonde você for. Enquanto o onde equivale a “em que lugar” o aonde equivale a “para que lugar”. Como pronome relativo onde pode retomar o lugar já citado anteriormente, sem excluir a ideia de permanência: Esta é a terra onde moro. (O onde refere-se à terra). O mesmo ocorre com o aonde: Já fui ao clube aonde você irá amanhã.
Depois de toda essa “confusão” de palavras eu aprendi uma coisa:
Esteja eu onde estiver, vou pensar melhor antes de perguntar para saber aonde vou.
Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).
Alessandra Simões dos Santos, formada em Letras pela FIRP, é professora e revisora de textos.
Esse texto foi publicado na coluna do Jornal Mais Notícias em abril de 2011.
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